quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (EJA)

A Educação de Jovens e Adultos no Brasil teve seu marco histórico inicial no II Congresso Nacional de Educação de Adultos onde emergiu a figura de Paulo Freire defendendo uma Educação de Adultos que estimulasse a colaboração, a decisão, a participação e a responsabilidade social e política. Desde então, os pensamentos deste intelectual vêm influenciando intensamente a trajetória da EJA no Brasil. Mas o que é a EJA?
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional afirma: “A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria”. Estes jovens e adultos que nos fala a LDB pertencem geralmente às classes sociais de baixo poder econômico com faixa etária adiantada em relação ao nível de ensino demandado. São operários, camponeses, ribeirinhos, artesãos, trabalhadores urbanos, que após o fim de uma longa jornada de trabalho retornam aos bancos das salas de aula em busca de conhecimento formal e de reconhecimento social.
Miguel Arroyo em seu texto "A Educação de Jovens e Adultos em tempos de exclusão" desenvolve uma importante discussão a respeito desse legado dos atores populares para a história oficial da EJA. Segundo Arroyo, a EJA corre o perigo de perder esse rico legado popular ao ser inserida no corpo legal ou ao ser tratada como modo de ser do ensino fundamental e do ensino médio. A EJA enquanto educação popular necessita para seus projetos e políticas a conservação desse reconhecimento de que as experiências e concepções desses jovens e adultos excluídos é que tornam o sentido da EJA ainda tão atual e necessário no cenário da educação brasileira. Isto se explica por um simples motivo: A EJA e suas concepções não perderam sua radicalidade porque a realidade vivida por seus jovens e adultos populares continua radicalmente excludente.
Portanto, a EJA representa para estes jovens e adultos a oportunidade de inserção no espaço de escolarização formal podendo, desta forma, buscar o reconhecimento social que durante muito tempo foi negado. Estes Jovens e Adultos que foram por tanto tempo segregados merecem ter seus direitos sociais resgatados e a EJA, nesse contexto, se torna um dos principais instrumentos para que tal resgate aconteça.