terça-feira, 25 de agosto de 2009

A Mocidade Militar e a Proclamação da República

A composição social deste grupo (Mocidade Militar) era basicamente de jovens vindo das províncias do Norte do país, pertencentes a famílias humildes e que estudavam nas duas escolas superiores de formação de oficiais do Exército. Como já foi dito anteriormente, eram na sua maioria oficiais de patentes baixas. Para entender a singularidade deste grupo é preciso, segundo Celso Castro, compreender a experiência social desses jovens dentro da Escola Militar da Praia Vermelha. Esses jovens que chegavam a capital federal enfrentavam não só um deslocamento espacial, mas também cultural. Deixavam suas províncias que estavam em um contexto mais atrasado, quase colonial e se deparavam com toda modernidade e progresso do Rio de Janeiro muito valorizado pela presença da Corte. O modo de pensar da “Mocidade Militar” vinha mais da interação entre os próprios alunos do que propriamente do conteúdo ensinado pelos professores. Trotes, momentos de lazer, associações recreativas e literárias, tinham papeis fundamentais na construção de uma identidade social desses jovens formados na Praia Vermelha. Outros dois pontos de coesão social desses jovens seriam a mentalidade cientificista e a valorização do mérito pessoal. Esses dois elementos de coesão social foram os principais norteadores que conduziram à conspiração do golpe republicano e a conseqüente queda da Monarquia. O cientificismo é notado na própria formação desses militares, pois a ciência, principalmente, a matemática ganharam destaque dentro da carreira desses militares da Praia Vermelha. Também compartilhavam em sua formação de diversas tendências intelectuais como o materialismo, o positivismo, o darwinismo, e o evolucionismo. Desse modo, pensavam que o atual momento do Brasil era apenas uma etapa a ser ultrapassada rumo ao progresso e a evolução, assim como os demais países da Europa já haviam feito. Então a eles cabia a condução do país neste processo de marcha rumo à evolução e ao progresso. A valorização do mérito pessoal também fortaleceu a identidade social dos militares formados na Escola Militar da Praia Vermelha. Nessa nova elite social que estava surgindo, as posições sociais deixavam de ser conseqüência do nascimento e deveriam ser conquistadas de acordo com a capacidade pessoal de cada um. Era o nascimento de uma sociedade meritocrática. Todos esses elementos de constituição social da Mocidade Militar acabaram por criar certa rivalidade com a elite intelectual brasileira, principalmente os bacharéis, cujas ações vinham de encontro aos princípios sociais propagados pelos militares da Praia Vermelha. Além de uma formação social singular, o atraso no qual o Exército se encontrava também serviu para acirrar as rivalidades dos militares para com a elite civil. Essa série de insatisfação da Mocidade Militar gerou um sentimento hegemônico a favor da República, porém, segundo o autor, a falta de definição de como seria a República teve um significado dúbio: Se por um lado facilitou a unidade de ação da Mocidade Militar antes do golpe de 1889, por outro lado, contribuiu para sua rápida fragmentação após a República ser instituída.

Para saber mais sobre a participação da Mocidade Militar no golpe Republicano ver Celso Castro Proclamação da República.

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