domingo, 23 de janeiro de 2011

COLOMBO E A SÍFILIS.



Durante vários séculos o famoso navegador Cristóvão Colombo foi responsabilizado por levar a sífilis da América para o continente europeu. Segundo relatos, suas embarcações, carregadas de marinheiros infectados, haviam transportado a doença de um continente a outro.
Pois bem, depois de muito tempo carregando esta péssima fama,eis que surgem dois esqueletos encontrados no cemitério de uma igreja apresentando sinais característicos da doença como deformidades dos ossos e ataduras nos crânios e nos membros.
Após pesquisas relizadas nos objetos que acompanhavam os esqueletos, constataram que os mesmos tenham sido enterrados entre os anos 1200 e 1400, bem antes, portanto, da famosa viagem de Colombo, em 1492. Segundo Brian Connell, responsável pela pesquisa, o famoso navegador não foi o responsável pelo surgimento da doença na Europa.
Agora, só nos resta um pedido de desculpas a este importante personagem da História sempre presente em nossos livros didáticos. Tenho certeza que, a partir de agora, ele descansa tranquilo sabendo que não foi o "mensageiro" da sífilis na Europa.
Fonte: Revista "Aventuras na História, edição 89, Dezembro de 2010.

domingo, 16 de janeiro de 2011

A BUSCA POR UMA SOCIEDADE CIVILIZADA E MODERNA: A "CONTRIBUIÇÃO" DA TUBERCULOSE PARA O EMBRANQUECIMENTO DA NAÇÃO.


Na virada do século XIX para o XX, a capital federal de então, Rio de Janeiro, vivia constantemente assolada por epidemias de doenças como tuberculose, a febre amarela, e a varíola , sendo que, a vacina obrigatória desta última acabou provocando um dos maiores conflitos entre a medicina oficial e a medicina popular da história de nosso país: A Revolta da Vacina, em 1904.
Entretanto, o objetivo deste post não é relatar a Revolta da Vacina, mas sim compreender de que maneira as políticas públicas de combate a determinadas doenças podem se relacionar ao projeto de construção de uma sociedade.. Diante disto, e do contexto histórico aqui estudado, lanço a seguinte pergunta: Por que as autoridades públicas da então capital federal Rio de Janeiro direcionaram seus esforços ao combate da febre amarela em detrimento de uma ação de combate à Tuberculose?
Devemos relacionar as ações públicas de saúde à um projeto de sociedade muito defendido entre nossas autoridades na virada do XIX para o XX: A civilização e a modernização de nossa população. Para isto, era fundamental que nosso país passasse por um processo de embranquecimento para alcançar o padrão europeu de civilidade e evolução. E qual relação essa ideologia de modernização da sociedade, predominante no final do séc. XIX para o XX, tem com as políticas públicas voltadas para área da saúde?
Se pegarmos a historiografia que a borda esta temática veremos que, por exemplo, a febre amarela ganhou uma especial atenção de nossas autoridade públicas em detrimento do combate à tuberculose. Por que isto?
Uma das possibilidades de repostas está na relação que tais políticas possuem com o projeto de implantação de um modelo de sociedade. Como a febre amarela atingia em maior quantidade imigrantes que chegavam ao país como italianos e alemães, tal doença precisava ser controlada, pois o Brasil precisava naquele momento do imigrante branco para concretizar o projeto de clareamento de seu povo para assim chegar à tão sonhada civilização.
E a tuberculose? Por que não foi alvo de tanta preocupação? Ora, a tuberculose surgia em locais de aglomerações populares, característica de moradias como os cortiços, que também tinha como grande parte de seus moradores os grupos indesejados para compor a sociedade (pessoas pobres, sem emprego, e na sua maioria constituídos por negros). De acordo com a ideologia de nossas autoridades públicas, que buscavam embranquecer a população a qualquer custo, a tuberculose, de certa maneira, até contribuía para o projeto de civilização que o Brasil tanto almejava uma vez que atingia, principalmente, grupos considerados indesejados para compor a sociedade brasileira.
Portanto, este post buscou relacionar o projeto de sociedade às ações de políticas públicas voltadas para saúde na então capital federal Rio de Janeiro na virada do séc. XIX para o XX.