quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Aprovado projeto que regulamenta profissão de historiador

Aprovação deixa projeto muito próximo de uma realidade concreta. Entenda a situação. O Senado aprovou nesta quarta-feira (7) projeto que regulamenta a profissão de historiador. O PLS 368/09, do senador Paulo Paim (PT-RS), estabelece que o exercício é privativo dos diplomados em cursos de graduação, mestrado ou doutorado em História. Os historiadores poderão atuar como professores de História nos ensinos básico e superior; em planejamento, organização, implantação e direção de serviços de pesquisa histórica; e no assessoramento voltado à avaliação e seleção de documentos para fins de preservação. Aprovado nas comissões de Assuntos Sociais (CAS); de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ); e de Educação, Cultura e Esporte (CE), o projeto recebeu emenda, em Plenário, do senador Alvaro Dias (PSDB-PR) que retirou do texto original a referência aos locais onde o trabalho do historiador poderia ser desempenhado. Discussão Assim como Pedro Taques (PDT-MT), o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) votou contra o projeto. Ele considerou "um profundo equívoco" dar exclusividade em atividades de ensino e pesquisa, seja em graduação ou pós-graduação, apenas para quem tem formação em História. Na opinião do parlamentar, a situação cria "absurdos" como impedir que economistas, sociólogos, diplomatas ou outros profissionais qualificados ministrem a disciplina, havendo o risco de "engessar" o ensino da História. – [A História] É a investigação sobre a evolução das sociedades humanas que tem que ser vista sob os mais diferentes prismas. História é política. História é vida. História é pluralismo. Não pode ser objeto de um carimbo profissional – argumentou. Aloysio Nunes ainda condenou o que chamou de "reserva de mercado" dos profissionais com curso superior em História e a formação de uma "República Corporativa do Brasil", onde cada profissão exige "seu nicho de atividade exclusiva em prejuízo da universalidade do conhecimento". Capacitação Já a senadora Ana Amélia (PP-RS) defendeu o projeto ao ler relatório do senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), aprovado na CCJ, em que este declara que "a omissão do legislador pode permitir que pessoas inabilitadas no exercício profissional coloque em risco valores, objetos ou pessoas." O texto ressalta ainda a relevância do papel do historiador na sociedade, com "impactos culturais e educativos" capazes de ensejar "a presença de normas regulamentadoras" da profissão. E conclui que não pode permitir que o campo de atividade desses profissionais seja ocupado por pessoas de outras áreas, muitas delas regulamentadas, mas sem a capacitação necessária para exercer o trabalho. A matéria segue agora para votação na Câmara dos Deputados. Fonte: Agência Senado

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

BRAZUCA...COM "Z"

Na semana em que celebramos a Independência de nosso país, sai a notícia do nome oficial da bola da copa do mundo de 2014 no Brasil: BRAZUCA! De imediato me questionei: “Mas Brasil não é com a letra S?”; “Por que BRAZUCA COM A LETRA Z?” É isso mesmo minha gente, além de aturar milhões sendo gastos com estádios de futebol que irão ser usados três vezes no máximo e depois ficarão como “elefantes brancos”, agora também vamos ter que tolerar o “imperialismo gringo” na grafia do nome da bola da copa com a substituição do “s” pelo “z”: “ BRAZUCA”. Sou do tempo em que Brasil se escrevia com a letra “S”, mas na copa de 2014, pelo visto, vai ser com a letra “Z”. Tenham um bom feriado de Independência! Independência do que?!... Isso realmente não sei...Abraços!

quinta-feira, 31 de maio de 2012

RESPOSTA DE UMA PROFESSORA DA REDE ESTADUAL DO PARANÁ À REVISTA VEJA.

Sou professora do Estado do Paraná e fiquei indignada com a reportagem da jornalista Roberta de Abreu Lima “Aula Cronometrada”. É com grande pesar que vejo quão distante estão seus argumentos sobre as causas do mau desempenho escolar com as VERDADEIRAS razões que geram este panorama desalentador. Não há necessidade de cronômetros, nem de especialistas para diagnosticar as falhas da educação. Há necessidade de todos os que pensam que: “os professores é que são incapazes de atrair a atenção de alunos repletos de estímulos e inseridos na era digital” entrem numa sala de aula e observem a realidade brasileira. Que alunos são esses “repletos de estímulos” que muitas vezes não têm o que comer em suas casas quanto mais inseridos na era digital? Em que pais de famílias oriundas da pobreza trabalham tanto que não têm como acompanhar os filhos em suas atividades escolares, e pior em orientá-los para a vida? Isso sem falar nas famílias impregnadas pelas drogas e destruídas pela ignorância e violência, causas essas que infelizmente são trazidas para dentro da maioria das escolas brasileiras. Está na hora dos professores se rebelarem contra as acusações que lhes são impostas. Problemas da sociedade deverão ser resolvidos pela sociedade e não somente pela escola. Não gosto de comparar épocas, mas quando penso na minha infância, onde pai e mãe, tios e avós estavam presentes e onde era inadmissível faltar com o respeito aos mais velhos, quanto mais aos professores e não cumprir as obrigações fossem escolares ou simplesmente caseiras, faço comparações com os alunos de hoje “repletos de estímulos”. Estímulos de quê? De passar o dia na rua, não fazer as tarefas, ficar em frente ao computador, alguns até altas horas da noite, (quando o têm), brincando no Orkut, ou, o que é ainda pior, envolvidos nas drogas. Sem disciplina seguem perdidos na vida. Realmente, nada está bom. Porque o que essas crianças e jovens procuram é amor, atenção, orientação e disciplina. Rememorando, o que tínhamos nós, os mais velhos, há uns anos atrás de estímulos? Simplesmente: responsabilidade, esperança, alegria. Esperança que se estudássemos teríamos uma profissão, seríamos realizados na vida. Hoje os jovens constatam que se venderem drogas vão ganhar mais. Para quê o estudo? Por que numa época com tantos estímulos não vemos olhos brilhantes nos jovens? Quem, dos mais velhos, não lembra a emoção de somente brincar com os amigos, de ir aos piqueniques, subir em árvores? E, nas aulas, havia respeito, amor pela pátria.. Cantávamos o hino nacional diariamente, tínhamos aulas “chatas” só na lousa e sabíamos ler, escrever e fazer contas com fluência. Se não soubéssemos não iríamos para a 5ª. Série. Precisávamos passar pelo terrível, mas eficiente, exame de admissão. E tínhamos motivação para isso. Hoje, professores “incapazes” dão aulas na lousa, levam filmes, trabalham com tecnologia, trazem livros de literatura juvenil para leitura em sala-de-aula (o que às vezes resulta em uma revolução), levam alunos à biblioteca e a outros locais educativos (benza, Deus, só os mais corajosos!) e, algumas escolas públicas onde a renda dos pais comporta, até a passeios interessantes, planejados minuciosamente, como ir ao Beto Carrero. E, mesmo, assim, a indisciplina está presente, nada está bom. Além disso, esses mesmos professores “incapazes”, elaboram atividades escolares como provas, planejamentos, correções nos fins-de-semana, tudo sem remuneração; Todos os profissionais têm direito a um intervalo que não é cronometrado quando estão cansados. Professores têm 10 minutos de intervalo, quando têm de escolher entre ir ao banheiro ou tomar às pressas o cafezinho. Todos os profissionais têm direito ao vale alimentação, professor tem que se sujeitar a um lanchinho, pago do próprio bolso, mesmo que trabalhe 40 h.semanais. E a saúde? É a única profissão que conheço que embora apresente atestado médico tem que repor as aulas. Plano de saúde? Muito precário. Há de se pensar, então, que são bem remunerados... Mera ilusão! Por isso, cada vez vemos menos profissionais nessa área, só permanecem os que realmente gostam de ensinar, os que estão aposentando-se e estão perplexos com as mudanças havidas no ensino nos últimos tempos e os que aguardam uma chance de “cair fora”.Todos devem ter vocação para Madre Teresa de Calcutá, porque por mais que esforcem-se em ministrar boas aulas, ainda ouvem alunos chamá-los de “vaca”,”puta”, “gordos “, “velhos” entre outras coisas. Como isso é motivante e temos ainda que ter forças para motivar. Mas, ainda não é tão grave. Temos notícias, dia-a-dia, até de agressões a professores por alunos. Futuramente, esses mesmos alunos, talvez agridam seus pais e familiares. Lembro de um artigo lido, na revista Veja, de Cláudio de Moura Castro, que dizia que um país sucumbe quando o grau de incivilidade de seus cidadãos ultrapassa um certo limite. E acho que esse grau já ultrapassou. Chega de passar alunos que não merecem. Assim, nunca vão saber porque devem estudar e comportar-se na sala de aula; se passam sem estudar mesmo, diante de tantas chances, e com indisciplina... E isso é um crime! Vão passando série após série, e não sabem escrever nem fazer contas simples. Depois a sociedade os exclui, porque não passa a mão na cabeça. Ela é cruel e eles já são adultos. Por que os alunos do Japão estudam? Por que há cronômetros? Os professores são mais capacitados? Talvez, mas o mais importante é porque há disciplina. E é isso que precisamos e não de cronômetros. Lembrando: o professor estadual só percorre sua íngreme carreira mediante cursos, capacitações que são realizadas, preferencialmente aos sábados. Portanto, a grande maioria dos professores está constantemente estudando e aprimorando-se. Em vez de cronômetros, precisamos de carteiras escolares, livros, materiais, quadras-esportivas cobertas (um luxo para a grande maioria de nossas escolas), e de lousas, sim, em melhores condições e em maior quantidade.. Existem muitos colégios nesse Brasil afora que nem cadeiras possuem para os alunos sentarem. E é essa a nossa realidade! E, precisamos, também, urgentemente de educação para que tudo que for fornecido ao aluno não seja destruído por ele mesmo Em plena era digital, os professores ainda são obrigados a preencher os tais livros de chamada, à mão: sem erros, nem borrões (ô, coisa arcaica!), e ainda assim se ouve falar em cronômetros. Francamente!!! Passou da hora de todos abrirem os olhos e fazerem algo para evitar uma calamidade no país, futuramente. Os professores não são culpados de uma sociedade incivilizada e de banditismo, e finalmente, se os professores até agora não responderam a todas as acusações de serem despreparados e “incapazes” de prender a atenção do aluno com aulas motivadoras é porque não tiveram TEMPO. Responder a essa reportagem custou-me metade do meu domingo, e duas turmas sem as provas corrigidas. Vamos fazer uma corrente via internet, repasse a todos os seus! Grata Vamos começar uma corrente nacional que pelo menos dê aos professores respaldo legal quando um aluno o xinga, o agride... chega de ECA que não resolve nada, chega de Conselho Tutelar que só vai a favor da criança e adolescente (capazes às vezes de matar, roubar e coisas piores), chega de salário baixo, todas as profissões e pessoas passam por professores, deve ser a carreira mais bem paga do país, afinal os deputados que ganham 67% de aumento tiveram professores, até mesmo os "alfabetizados funcionais". Pelo amor de Deus somos uma classe com força!!! Somos politizados, somos cultos, não precisamos fechar escolas, fazer greves, vamos apresentar um projeto de Lei que nos ampare e valorize a profissão. Vanessa Storrer - professora da rede Municipal de Curitiba!

domingo, 1 de abril de 2012

Historiadores pra quê?

Pergunte a qualquer estudante de pós-graduação em história no Brasil o que ele quer ser quando defender, e a resposta vai ser quase sempre a mesma: professor universitário. Nos Estados Unidos também é assim. Mas a realidade dos doutores recém-formados tem sido bem diferente da expectativa. Com a crise econômica, a maioria, quando acha emprego, acaba trabalhando em museus, escolas e outros lugares tidos como de menor prestígio. A redução de vagas no mercado de trabalho universitário para a área de humanidades – o que, aliás, acontece nos Estados Unidos desde a década de 1970 – é a provável razão por trás da grande discussão sobre os programas de pós-graduação em história e a função social dos historiadores que está sacudindo o campo desde outubro do ano passado naquele país. Ainda que a motivação seja mesmo esta, ela está vindo para o bem. Em outubro de 2011, Anthony Grafton, presidente da Associação Americana de História, e Jim Grossman, diretor-executivo da entidade, escreveram o artigo “No more plan B” (Não mais plano B, em tradução livre), defendendo que as chamadas carreiras alternativas, principalmente no campo do ensino e da história pública, não deveriam ser mais o plano B dos recém-doutores na área de história, mas sim o caminho principal. E isto não apenas porque falta vaga no mercado, mas porque os historiadores devem rever a sua relação com a sociedade, deixando de ver a si mesmos apenas como profissionais que pesquisam e ensinam dentro da universidade. O artigo caiu como uma bomba no meio acadêmico. Houve quem criticasse, dizendo que Grafton só defendia essas ideias por ser, ele próprio, professor de Princeton, uma das universidades de pesquisa mais prestigiadas dos Estados Unidos. Mas prefiro entrar na fila dos que aplaudiram, como Claire Potter e Thomas Bender, ambos professores da Universidade de Nova Iorque. De maneiras diferentes, os dois defendem uma mudança radical no ensino universitário de história: Bender, para recuperar o comprometimento dos intelectuais com a vida pública que marcou a formação universitária na área de humanidades no século 19; e Potter, para defender que o trabalho do historiador no século 21 deve ser feito em conjunto e acessível ao grande público, um modelo radicalmente diferente daquele do pesquisador solitário, em vigor no século passado, que escreve somente para seus pares. Segundo Potter, os historiadores, para dar conta das novas tecnologias, das variadas formas de divulgação dos resultados de suas pesquisas, e para estar em dia com a produção acadêmica internacional, deve trabalhar em conjunto com outros historiadores. E isto vale também para o ensino e para um diálogo mais igualitário e engajado com o público (que, nas universidades do Brasil, poderíamos chamar de extensão). Nisto não há muita novidade, a não ser a constatação, comum a ambos, de que o ensino universitário de história está muito longe de prover as competências necessárias para que os recém-formados possam se adequar aos novos tempos do mundo real. As disciplinas existentes na maioria dos cursos de pós-graduação em história são orientadas tão somente para a especialização excessiva e para a pesquisa individual. Perda total No Brasil, estamos no mesmo barco. A diferença é que a Associação Americana de História acabou de se engajar em um grande projeto de reflexão sobre a profissão, que, nos próximos três anos, vai estudar e discutir os currículos de várias universidades dos Estados Unidos. Enquanto isso, aqui, são pouquíssimos os cursos de graduação em história que têm disciplinas como “Patrimônio” ou “Relações internacionais” em seus currículos. Candidatos a historiadores pouco estagiam em museus ou em centros culturais. Mesmo a área de ensino de história na educação básica é frequentemente neglicenciada. O resultado disso é que a maioria dos graduados na área foge das salas de aula dos ensinos fundamental e médio e nenhum curso de pós-graduação se dedica a formar professores para a educação básica. Dos 63 cursos de mestrado e doutorado existentes na área de história no início de 2012 no Brasil, apenas dois são mestrados profissionais, um dos quais especializado em bens culturais e projetos sociais. Nenhum é devotado ao ensino de história. Para se ter uma ideia do contraste com outras áreas, existem hoje 72 cursos de pós-graduação no Brasil dedicados exclusivamente ao ensino de ciências – física, química, biologia, ciências da terra – e matemática, entre mestrado profissional (39), mestrado acadêmico e doutorado. Da mesma maneira, a produção acadêmica resultante de trabalhos realizados em conjunto é frequentemente desvalorizada. Por decisão dos próprios historiadores, os livros didáticos – realizados necessariamente em equipe – não são considerados pela Capes como produção intelectual qualificada, item de fundamental importância na avaliação dos programas de pós-graduação. O mesmo vale para textos escritos em parceria, principalmente se a coautoria for entre aluno e professor – há quem desconfie que ou o professor se aproveita do trabalho do aluno ou o aluno se aproveita do prestígio do professor para publicar – e para o conhecimento divulgado em outros meios que não a palavra escrita, como filmes e sites. A flagrante competição entre os programas de pós-graduação – têm mais recursos e bolsas de estudos aqueles cujos professores têm produção acadêmica considerada mais qualificada – completa o quadro. Daí não ser de espantar que a maioria dos pesquisadores da área de história só se dedique a escrever livros, artigos e capítulos para serem lidos por seus pares; que suas aulas sigam esse mesmo padrão; e que seus alunos tenham no horizonte apenas a restrita carreira acadêmica. Seguindo esse padrão, perdemos todos: pesquisadores, professores e alunos; Perdem os programas de pós-graduação, viciados em produzir apenas o que é bem pontuado na avaliação da Capes; perdem os alunos universitários, que têm uma formação voltada para um trabalho que dificilmente exercerão e que deixam de ser qualificados em competências que fatalmente deverão desenvolver. E perde o público, ávido por ler bons livros, ver bons filmes, frequentar bons museus e navegar em bons sites de história. Keila Grinberg Departamento de História Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro Pós-doutoramento na Universidade de Michigan (bolsista da Capes)

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

O RATOEIRO E A "MALANDRAGEM" CARIOCA

Na virada do século XIX para o XX a cidade do Rio de Janeiro vivia uma grave epidemia de peste bubônica. A solução encontrada pelo poder público para conter a doença, causada pela pulga do rato, foi criar um decreto em setembro de 1903 institucionalizando a profissão de “ratoeiro”. Tal profissional tinha a obrigação de recolher das ruas cariocas pelo menos 150 ratos por mês, pelos quais recebiam 60 mil-réis, que para o período compraria uma cesta básica. Se o “ratoeiro” atingisse a meta, para cada rato excedente, o poder público pagaria 300 réis. Até ai, tudo bem! Acontece que, quando o “ratoeiro” saia para as ruas para comprar os ratos que a população capturava e depois revender para o Governo, começaram a aparecer alguns casos curiosos: Por exemplo, o carioca começou a fabricar ratos de papelão e cera para vender ao “ratoeiro” com objetivo de ganhar uma graninha extra. Mas não parou por ai, o carioca passou a criar ratos justamente para vender ao “ratoeiro”, quando não, passou a importar ratos de outros lugares, tudo para complementar sua renda ao final do mês. Curiosidades à parte, a política de caça aos ratos foi um sucesso, diminuído consideravelmente o número de mortos pela doença. Até a próxima!!!

FONTES: REVISTA DE HISTÓRIA DA BIBLIOTECA NACIONAL N° 67.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

"ERA VARGAS": HOUVE OU NÃO UMA REVOLUÇÃO EM 1930?



“Era Vargas” é a denominação que se dá a um período da história brasileira em que Getúlio Vargas governou o país. Dividi-se em dois períodos: O primeiro seria de 1930 a 1945 e o segundo de 1951 a 1954. Porém, o objetivo deste texto não é discutir a Era Vargas em si (suas instituições, suas estratégias, suas políticas), mas sim trabalhar com o marco inicial desse período que se convencionou chamar de “revolução de 30”. Este é um debate que vem mexendo com a historiografia brasileira: Afinal houve ou não uma revolução em 1930?
Para Ítalo Tronca a idéia de revolução de 30 foi um discurso construído pelos vencedores e foi uma construção tão cheia de êxito que se esqueceram de averiguar o lado derrotado. Segundo o autor, não houve uma revolução em 30 pelo fato de que a classe média (Profissionais liberais, militares, funcionários públicos), liderada pelos tenentes, seria tão dependente da grande propriedade agrária quanto à oligarquia cafeeira que estava no poder. Essa dependência da grande propriedade agrária fez com que os ideais democráticos (voto secreto, reformas sociais, moralização das eleições) defendidos por essa classe média ficassem apenas no campo teórico assim como na gestão da oligarquia cafeeira. Além da mesma dependência material (Grande propriedade agrária) esta classe média também compartilhava dos mesmos modelos político-ideológicos da oligarquia cafeeira que gerenciava o país. Restou a essa classe média se aliar a outra oligarquia (Liderada por Getúlio Vargas) para derrubar a oligarquia do café liderada por Washington Luis. Por essas semelhanças materiais e político-ideológicas entre o grupo que fazia oposição e o grupo da situação é que Ítalo Tronca nega o caráter revolucionário de 30. A troca do grupo que gerenciava o destino do país não trouxe como conseqüência mudanças no âmbito político e econômico. Ítalo Tronca contesta também um outro ponto do discurso dos vencedores: Para o autor a história de que o Estado que surge em 30 vem para ocupar um “vazio de poder” que o país vivia não é fiel à realidade. A construção, dos vencedores, de que houve uma revolução em 30 vem em grande parte do discurso de que o Estado que surge em 30 surge para construir uma nova nação e para acabar com o caos que a ausência de poder gerava para o país. Porém, para o autor, nunca houve essa ausência de poder. Pelo contrário, sempre estiveram em campo poderosas forças de dominação.
Ângela de Castro Gomes também colabora para este debate se houve ou não uma revolução em 1930. A autora começa sua análise chamando atenção para um ponto interessante: Ela trabalha com a idéia de que 1930 e 1937 (Estado Novo) são duas etapas de um mesmo processo. Trinta lançaria as bases que só seriam concretizadas em 1937. Ângela Gomes trabalha sua análise fazendo referência a pontos importantes que dão ao movimento de 30 um caráter revolucionário. O primeiro seria o próprio conceito de revolução: Para ela, a revolução de 1930 tem esse conteúdo revolucionário justamente por não se restringir apenas a destruição de um determinado grupo ou a destruição de certa realidade. O que ocorreu em 1930 é revolucionário porque também se empenhou em construir um novo contexto para o país. Este caráter construtivo, segundo a autora, é que banca o aspecto revolucionário do movimento. A análise da autora também percorre o campo da política do Estado: O que ocorreu em trinta foi uma revolução porque acabou com a passividade política do homem brasileiro provocada pelo liberalismo da primeira República (1889). Em O redescobrimento do Brasil a autora faz sérias criticas ao liberalismo da primeira República. O liberalismo valorizava o Brasil ufanista de grandes belezas naturais, de rios, de grandes florestas, em detrimento do homem. A política era afastada de tudo. O país com o Liberalismo vivia em estado de natureza, em conflito, sem um orientador capaz de conduzir o povo ao progresso e a ordem. É nesse contexto que o acontecimento de trinta é revolucionário porque retira a sociedade daquele contexto de conflito causado pela ausência da esfera política aplicada pelo Liberalismo. Houve uma revolução de fato porque, segundo a autora, trinta acabou com o isolamento não só entre o homem e a terra, mas também entre o homem e o cidadão. A política que era afastada tanto da natureza como da cultura agora interligaria essas duas esferas. O homem que era apolítico agora se tornava cidadão. A busca pelo conhecimento do homem e suas necessidades inauguraria um diálogo entre as elites e as massas antes nunca visto no liberalismo da primeira República. Esses fatores, segundo a autora, comprovam o aspecto revolucionário do que ocorreu em 1930.
Os dois autores analisados acima tratam de pontos importantes sobre o que ocorreu em trinta embora tenham posicionamentos diferentes. Se colocássemos na balança os fatores que apontam para uma revolução de 30 e os fatores que negam essa dimensão revolucionária, o primeiro pesaria mais. Se analisarmos o contexto do Brasil antes e a partir de 1930 notaremos, sem dúvida, o caráter revolucionário de trinta. Um país que antes era eminentemente agrário e rural, a partir de 30 começa um processo de intensa industrialização e urbanização. Antes o Estado nunca assumiu a responsabilidade sobre a relação empregador/empregado, com o Estado que nasce em 1930 essa relação ganha instituições próprias que irão administrá-las. Pela primeira vez o Estado assumiria o controle dessas relações trabalhistas. Este contexto é que nos permiti classificar o que ocorreu em 1930 como revolução. Revolução esta que teria sua segunda etapa com o Estado Novo (1937) onde as bases lançadas em trinta seriam consolidadas. Este Estado moderno que fornece estrutura para o país iniciar sua industrialização, que traz para sua esfera as relações trabalhistas, e que conduz o país ao progresso é o que legitima a nomenclatura “revolução de 30”.
Portanto, o texto produzido aqui buscou trabalhar o debate dentro da historiografia acerca da revolução de 30. Expondo não só a posição de outros autores como também se posicionando dentro do debate.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

VESTIBULAR 2012 UEPA

Acabei de ler e resolver a parte de História da Universidade Estadual do Pará e confesso que tive um sentimento de "dever cumprido". A prova estava em um nível bem acessível para quem estudou, é lógico. A seguir, as questões da Prova:
14)
“A propriedade é um roubo”.
Pierre Joseph Proudon (1809-1865)
Reverenciado pelos anarquistas de todo o mundo, Proudon formulou esta frase que se
tornaria um dos grandes lemas do movimento operário em fins do século XIX e início do XX. De caráter libertário, o lema em questão coloca o anarquismo no mesmo patamar do socialismo, sobretudo no que se refere à:
a) luta contra a exploração dos trabalhadores e à exigência da extinção da propriedade privada.
b) reivindicação da igualdade de direitos e garantias salariais tanto para homens
quanto para mulheres.
c) defesa dos direitos dos cidadãos no que diz respeito à defesa da propriedade privada dos meios de produção.
d) criação de partidos de operários engajados na organização das greves e na
mobilização dos trabalhadores.
e) denúncia do corporativismo dos trabalhadores das fábricas e da criação de
organizações sindicais de trabalhadores.
GABARITO: A
15)
Documento 1
A transformação da pequena aldeia em grande urbe representa a destruição de todo e qualquer vestígio que lembre Manaus como antigo lugar da Barra do Rio Negro [...] No entanto, para que isso fosse possível, Manaus deveria passar por um grande processo de reformas que exige uma ordenação do espaço urbano, o disciplinamento
de seu uso, o emprego de instrumentos de controle que regulassem a vida manauense, através de dispositivos legais como as proibições de partir lenha, cozinhar, estender roupa e ferrar animais na rua [...];transitar com animais de qualquer tipo, nos passeios das ruas; cercar os quintais com madeiras; andar em público indecentemente trajado ou em completa nudez;[...].
(DIAS, Edinéia Mascarenhas. A Ilusão do Fausto - Manaus 1890- 1920. Manaus: Editora Valer,1999.p.47)
Texto 2
...uma série de melhoramentos foi realizada no espaço urbano de Belém, como pavimentação de ruas, construção de praças e jardins [...] limpeza urbana, tudo
isso controlado por um código de posturas.[...]Com a criação da Polícia Municipal por Antônio Lemos, o poder municipal vai interferir diretamente na vida cotidiana dos habitantes da urbe. Para dar um aparato legal às ordens emanadas do poder público, foram promulgadas novas Leis e Códigos de Posturas Municipais. Pelo Código de Posturas ficava proibido: fazer algazarra, dar gritos sem necessidade, apitar, fazer batuques e sambas; tomar banho nas praças e fontes públicas; chegar à porta ou
janela em traje indecente ou completa nudez. [...]
(SARGES, Maria de Nazaré. Belém: Riquezas produzindo a Belle Èpoque(1870-1912).3 ed.Bel~em:Paka-Tatu,2010,p.161,163)
Os documentos acima nos revelam:
a) a presença do Estado, nas duas urbes principais da Amazônia da borracha, opositora de formas de comportamento tradicionais dos seus habitantes e que exigia a adoção de novos hábitos que permitissem novo ordenamento urbano, em cidades limpas e esteticamente modernas.
b) as exigências impostas pela elite gomífera, que passou a ter ao lado do poderio econômico-financeiro, o poder político e para isso elabora Códigos de Posturas que segregavam a população pobre na periferia
das cidades, onde poderiam continuar com seus hábitos de moradores de “aldeias”.
c) mudanças radicais nos comportamentos da população manauara e paraense que, na sua grande maioria, apoiava as medidas adotadas pelos Intendentes das duas capitais amazônidas, pois desejava um saneamento moral e material das cidades.
d) o período de modernização das cidades amazônicas, Belém e Manaus, no final do século XIX e início do século XX, e o controle rigoroso do poder público sobre o comportamento dos habitantes das duas cidades, impondo-lhes um padrão de comportamento que se enquadrasse no modelo de civilização instituído pelas autoridades municipais.
e) que no final do século XIX, as capitais da Amazônia viveram um grande surto de desenvolvimento urbano, impelido pelo extrativismo vegetal e aurífero, o que provocou mudanças significativas de comportamento de seus habitantes, que passaram a imitar costumes e hábitos dos estrangeiros, que para cá vieram, atraídos pela possibilidade de enriquecimento fácil.
GABARITO: D
16)
Em sua estratégia para atrair militantes e adeptos do Partido Nazista, entrou em cena a propaganda dirigida às massas como o cartaz ao lado reproduzido ( de caráter anti-semita), o qual estimulava:
a) o preconceito étnico, a xenofobia aos estrangeiros de um modo geral.
b) a aversão aos judeus, culpados de acumular fortunas e explorar camponeses e operários.
c) o patriotismo e o heroísmo do povo germânico em busca de um modelo de homem nazista.
d) os alemães a glorificarem as suas origens, de um povo superior, sadio e de pureza étnica.
e) o combate à exploração desenvolvida pelos judeus sobre os camponeses e a defesa das ideias semitas.
GABARITO: B
17)
Texto
“Quem trabalha é que tem razão
Eu digo e não tenho medo de errar
O bonde São Januário
Leva mais um operário
Sou eu que vou trabalhar
Antigamente eu não tinha juízo
Mas resolvi garantir meu futuro
Vejam vocês:
Sou feliz, vivo muito bem
A boemia não dá camisa a ninguém
É, digo bem”
(Wilson Batista e Ataulfo Alves. O Bonde de São Januário, 1941)
A letra deste samba de Wilson Batista e Ataulfo
Alves, gravado em 1941, exalta o valor do
trabalho como forma de enobrecimento do
homem. A composição adequava-se à linha
temática da canção popular abertamente
imposta (embora fosse oficialmente
“aconselhada”) pelo Departamento de
Imprensa e Propaganda da Ditadura
Estadonovista de Getúlio Vargas. No entanto, a
versão original deste samba, do ano anterior
ao carnaval de 1941, dizia que “...o bonde São
Januário, leva mais um sócio otário, sou eu
quem vou trabalhar”. A adequação dos
compositores do samba urbano carioca dos
anos 1940 às determinações da censura
política da Era Vargas sugere que:
a) o controle ideológico da ditadura foi
plenamente eficaz na implantação do
trabalho como valor predominante entre os
operários urbanos, integrando a população
negra e mestiça urbana brasileira à ordem
capitalista.
b) a consolidação do samba como música
símbolo da identidade brasileira e carro
chefe da difusão musical dos meios de
comunicação exigiu dos compositores a
superação da apologia da malandragem.
c) a superação da apologia da malandragem
era apenas aparente, já que muitas obras
de compositores populares se mantinham
na fronteira da contestação à exploração
capitalista e ao autoritarismo político.
d) havia um potencial latente revolucionário
nas composições de sambas que faziam, de
forma indireta, crítica social e estavam
afinadas com as ideias dos grupos políticos
de esquerda.
e) a internacionalização do samba brasileiro e
sua fusão com outros gêneros musicais
estrangeiros levaram os compositores a
alterar o foco temático das letras de samba.
GABARITO: C
18)
A “Revolução Cultural Chinesa”, também
chamada de “Grande Revolução Cultural
Proletária”, foi adotada pelo regime de Mao-
Tsé-Tung na década de 1960. Foi um
contragolpe político aos críticos do fracasso de
seu plano político-econômico “Grande Salto
para Frente”, dos anos anteriores, que
pretendia desenvolver o país segundo o
modelo de industrialização soviético. A nova
orientação política imposta por Mao e resumida
em seu “Livro Vermelho” conclamava os jovens
chineses, fieis à revolução, a denunciar
políticos e intelectuais com supostas
inclinações burguesas. Na verdade, a
propalada revolução cultural resultou:
a) num movimento de perseguição
generalizada política e social de todos os
críticos do regime maoísta, dentre eles
dirigentes políticos, artistas e intelectuais.
b) num verdadeiro salto adiante da Revolução
Chinesa, com a adoção de uma linha de
desenvolvimento econômico pautado na
agricultura e na criação de uma nova
estrutura política que perdurou nas décadas
seguintes.
c) numa aproximação com o regime do
Kuomitang (Partido Nacionalista),
estabelecido na ilha de Taiwan (Formosa),
política que entrou em declínio a partir da
morte de Mao em 1976.
d) num avanço no desenvolvimento das artes
e da cultura no país, em grande medida,
liderado por grupos maoístas partidários da
formação de um socialismo à chinesa, mais
aberto ao ocidente capitalista.
e) no rompimento com a União Soviética e
com a linha bolchevista adotada pelo
Partido Comunista Chinês, o que levou o
país ao gradativo processo de abertura aos
capitais internacionais.
GABARITO: A

AGORA, É SÓ AGUARDAR O RESULTADO E COMEMORAR. À GALERINHA QUE DOU AULA, TO ESPERANDO A LIGAÇÃO PARA A FESTA. ABRAÇOS!!!!