Assim como a EJA, a Educação Profissional no Brasil possui suas particularidades e especificidades que fazem com que esta modalidade de Educação necessite de uma maneira muito singular para sua condução e seu desenvolvimento. Tratar a Educação Profissional para além da perspectiva oficial e hegemônica é falar necessariamente dos atores sociais historicamente envolvidos em sua trajetória, os “desprovidos de riquezas”. Para isto é necessário retroceder a umas questões centrais nesta discussão: Nossa Educação Básica visa formar o cidadão ou a inserção do homem no mercado de trabalho?
Fazemos referências ao questionamento acima, pois entendemos que esta dualidade permeou a condução da trajetória tanto da Educação Profissional como da Educação básica. Até final do séc. XX cristalizou-se a idéia de que a Educação Profissional era destinada aos filhos das classes sociais menos favorecidas enquanto que o ensino Superior seria freqüentado pelos filhos das elites dirigentes deste país.
Este dualismo da Educação brasileira vai sofrer a primeira alteração no contexto do “milagre econômico” (1968 a 1973) quando a formação profissional passa a ocupar um papel fundamental no campo das mediações das práticas educativas no sentido de atender as exigências do sistema capitalista. É neste momento que se regulamenta a Profissão de técnico de Nível Médio.
Na verdade, o momento acima citado foi uma resposta que o Estado deu à sociedade uma vez que os filhos das classes sociais “desprovidas de sorte” começaram a pressionar para obter seu acesso no ensino superior. Ou seja, o Estado respondeu à mobilização de personagens sociais que atuam para além das dimensões escolares.
Essa ambigüidade da Educação brasileira que iniciou lá no período Colonial e sobreviveu até o final do séc. XX iniciou uma tentativa de mudança de enfoque da Educação Profissional quando surgiu a atual LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) que buscava agora não só a preparação do educando para o mercado de trabalho, mas também a formação do homem cidadão capaz de compreender a realidade social que o rodeia.
Esse novo enfoque para a Educação Profissional produzido pela atual LDB torna o educando não um mero executador de tarefas rotineiras e burocráticas, mas sim um conhecedor do processo produtivo e social o qual está inserido. Ele não vai apenas aprender a fazer, mas vai saber por que está fazendo dessa forma e não de outra.
Portanto, ao fazer o resgate da trajetória da Educação Profissional no Brasil não podemos deixar de mencionar a participação de atores sociais cujo campo de atuação se dá fora dos espaços formais de constituição das idéias dominantes. A participação desses personagens sejam eles sindicatos, associações comunitárias, ou movimentos sociais, acabam por influenciar direta ou indiretamente os meios oficiais e legais responsáveis pela condução e gerenciamento da Educação Profissional no Brasil.
O texto acima faz parte do 1° capítulo do meu artigo "UM ESTUDO ACERCA DA DISCIPLINA HISTÓRIA NO PROEJA-IFPA" produzido para a obtenção do título de Especialista em Educação Proeja.